quinta-feira, 30 de julho de 2009

Coisas que acontecem

MAIS ESPAÇO NO TRANSPORTE COLETIVO

Algum tempo atrás, o ministro Nelson Jobim comentou numa entrevista a jornalistas que as companhias aéreas precisavam diminuir a quantidade de assentos nas aeronaves para que os grandalhões tivessem o mesmo direito dos baixinhos. Concordo plenamente com o Senhor Ministro, mas com uma ressalva: essa exigência deve ser estendida aos demais meios de locomoção coletiva.
Os coletivos urbanos viajam sempre superlotados, pessoas mal acomodadas, a maioria em pé, amontoadas sem a mínima segurança. Os que vão sentados também se sentem desconfortáveis, os bancos além de não serem reclináveis, são duros e apertados. Os ônibus de linha com viagens mais longas só favorecem os mais abastados que têm condições de bancar um leito, os que se ocupam de veículos normais sofrem a amargura do desconforto e até passam por constrangimentos.
Quem compra a passagem nunca sabe o que terá do lado. Pode se deparar com figuras agradáveis, mas não está livre de ser contemplado com um tipo espaçoso, contador de lorotas, roncador, mal-humorado, chato e mal educado ou ainda se deparar com aquele grandalhão, boa praça, esbanjando simpatia, mas que um banco só é pouco para ele, fica mais espaçoso quando dorme, invade o seu lado, e te faz se sentir um sanduíche prensado na janela.
Certo dia, marquei uma viagem para São Paulo e comprei a passagem com bastante antecedência para ter o mesmo privilégio de Romário: viajar na janelinha. Entrei no ônibus e pressenti que a viagem não seria fácil. Senti sede logo na saída, olhei de lado e percebi que o companheiro de poltrona já havia se acomodado. Baixou o encosto, no máximo, quase deitando no colo do passageiro do banco de trás. Era impossível passar por ali sem incomodá-lo, então resolvi suportar a sede e esperar a próxima parada. Tentei dormir, pois acreditava que dormindo a viagem passaria rapidamente e eu me livraria daquele pesadelo.
Não demorou, a minha bexiga começou a se contrair e a necessidade de ir ao banheiro tornou-se urgente. Comecei a ensaiar uma forma de transpor aquele obstáculo: Acordá-lo descartei de imediato, pegar um saquinho fazer o serviço e jogá-lo pela janela era temeroso e a probabilidade de não dar certo era muito grande, pular por cima era arriscado, pois o meu colega de viagem estava com as pernas escoradas no banco da frente e formava um paredão quase intransponível. Pensei, pensei....Olhei para trás, para frente e vi que os demais passageiros estavam dormindo. Então decidi dar um salto, atingi o corredor e ocupei o sanitário.
Aliviado resolvi não ocupar o meu lugar e sentei no corredor, amanheci dormindo no meio da nave com as pessoas tentando me acordar, enquanto o meu nariz aspirava um odor horrível de suor, urina e cigarro. O ônibus havia chegado ao seu destino.

Aconteceu por estas bandas

OS IRMÃOS PRODUTIVOS

Os irmãos produtivos (alcunha irônica imposta por pessoas maldosas que alegavam que eles nunca produziam nada) procuravam financiamento no Banco todos os anos. Eram enquadrados como mini-produtores da agricultura familiar. Num pedaço de terra de aproximadamente dois alqueires paulista eles sobreviviam numa casa de pau a pique de quatro cômodos apertados com mais quatro irmãos e uma irmã. Todos já passados da meia idade e solteiros.
Os dois mais velhos é que tomavam a frente de tudo. Um chamava-se Cornélio e o outro Laurindo e eles eram inseparáveis. Andavam sempre juntos, ou melhor, quase juntos, pois só se via o Cornélio na frente e o Laurindo, o baixinho, a uns dois passos atrás.
Parecidos fisicamente, o que os distinguia era a estatura, um era mais alto. Brancos, pele enrugada, olhos miúdos, nariz avantajado, boca pequena, corpo curvado pra frente, andavam com as pernas curvadas no joelho no fiel estilo canguru. A indumentária era simples: Chapéu de palha na cabeça, camisa xadrez, calça na canela e sapatão de boca aberta furado na ponta. Eram cópias fiéis do famoso personagem de Monteiro Lobato: Jeca Tatu.
Um dia os dois chegaram no Banco com o intuito de financiar o plantio de feijão. Haviam chegado cedo, enfrentado uma fila enorme para ser atendido e agora estavam ali encostados no Balcão, chapéu debaixo do braço, olhares assustados e gaguejando ao balbuciar as palavras.
- Pois não! Disse o funcionário dirigindo-se a eles. O que desejam?
- Nóis quiria um dinheirinho de modi qui a gente pudesse toca a nossa terrinha.
- Quem é o avalista? Perguntou o atendente.
- É o nosso irmão mais novo.
- Mas qual é o nome completo dele.
- É Beja
- Beja de quê?
- Sei não sinhô, responderam os dois ao mesmo tempo fazendo um coro quase perfeito. Nóis sempre cunhecemo ele por Beja.
- Então os senhores podem ir embora e volte amanhã junto com o avalista. E avise a ele que precisa trazer os documentos, reforçou o funcionário.
Os dois, ao mesmo tempo, levaram o chapéu à cabeça e saíram cabisbaixos, um atrás do outro como de costume. Estavam tão compenetrados olhando para o chão que não perceberam a porta de vidro logo à frente. O primeiro meteu a cabeça no vidro com tanta força que um galo na testa se manifestou de imediato; o segundo, enfiou o nariz nas costas do da frente que o deixou mais vermelho que um pimentão. Aí, envergonhados, trataram de saírem o mais rapidamente possível.
Voltaram no dia seguinte, efetivaram o financiamento e voltaram para casa, sem antes não deixar de passar no caixa do Banco e retirar o valor que lhes foram creditados.
Passaram-se alguns dias, o fiscal do Banco foi fazer uma visita para acompanhar e avaliar o plantio da lavoura. E tal não foi o espanto quando percebeu que a terra estava num mato só e não havia sido plantado nada.
- Mas seu Cornélio, falou o fiscal dirigindo-se ao mais velho. O senhor não preparou a terra e nem plantou o feijão....
- É moço, foi estrução do homi do Banco.
- Mas que homi do Banco?
- O seu dotô, ele passo aqui e dissi uma coisa que a gente achô mio não prantá.
- O que ele disse? Retrucou o fiscal, já entendendo que quem tinha passado lá era o agrônomo do Banco, cuja função é orientar os agricultores para o plantio.
- Ele disse pra nois pega o tratô e tomba a terra. Mas nois num temo tratô!?
- Mas porque não fizeram o serviço com a enxada?
- Ah! Só tem uma enxada e tá muito veia e eu num quis arrisca, não sinhô.
- E o dinheiro do financiamento.
- Ah! u dinheiro, nóis cumpremo arroz, feijão, algumas misturinhas e aquela vaquinha ali dimode que a gente possa tirar um leitinho.
- Mas se vocês não plantarem como vão produzir?
- Nóis vamo pranta sim sinhô. To só esperando chuvê pra prantá pasto e bota a minha bichinha e mais o Bode e os carnero pra pasta.
- Mas como vocês vão pagar o financiamento?
Ah, É? E tem qui pagá? Os otros nóis nunca paguemo?
Impaciente, o fiscal entrou no carro e foi embora. No caminho ia pensando na melhor maneira de preencher o relatório.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Chá Beneficente

Neste sábado, dia 1º de agosto, na Pousada Bom Samaritano, em Dracena, será realizado o chá beneficente em prol da Associação São Francisco de Assis, para terminar a construção da quadra multiuso de sua sede localizada no Jardim Brasilândia. Este é o terceiro ano que a renda do chá é revertida para a associação, que foi fundada para dar suporte às ações da Pastoral da Criança, em Dracena.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Coisas que acontencem por estas bandas

A COBRA

O sujeito era magro, tez branca, olhos claros, cabelos grisalhos, bigode grosso com tintura avermelhada e olhar assustador. Na verdade havia um receio com aquele homem esquisito, taciturno, pouca prosa que respondia com monossílabos aos que a ele se dirigiam. Raramente era visto sóbrio, cachaceiro inveterado, vivia metido consigo mesmo e passava a maior parte do tempo em estado alterado de consciência pelo conhecido desatino que a tal da minduba tem o dom de provocar.
Toda tarde estava ali no mesmo Bar, calça desbotada, camisa xadrez com os botões abertos, botina, cinturão de couro e chapéu. Quando se dirigia ao taverneiro para pedir uma pinga apresentava as moedas com a mão esquerda e com a direita chamava a atenção do atendente com um gesto que distanciava o polegar do indicador para demonstrar o tamanho da dose pretendida. Chamava-se Astrogildo e foi ele que, numa tarde, por força do destino e do álcool, protagonizou um espetáculo que deixou seu nome cravado na lembrança de quem testemunhou a cena que o transformou numa lenda do povoado.
Socorro!!! Depois de ouvir o apelo todos se voltaram para o outro lado rua. O cenário era desesperador. Cinco mulheres que minutos antes conversavam descontraídas, agora estavam ali estateladas, como se estivessem diante de um monstro. Alguns segundos de silêncio e todos tomaram conhecimento do ocorrido. A personagem central, causadora da confusão, era uma cobra, um réptil de mais de um metro de comprimento, cores rajadas cuja espécie ninguém sabia dizer. O animal havia saído do cano de esgoto que deságua na sarjeta. Todos estavam perplexos e a cobra, assustada, arrastava-se na procura frenética de um lugar seguro. Muitos curiosos tomaram o local, ninguém tomava uma atitude, só os palpiteiros se manifestavam:
-Mata ela! Bradou um rapagote com ar de predador
-Não vai matar não Senhor! Contestou uma adolescente.
-Parece que não tem homem por aqui?! Desabafou uma velhinha.
-Liga para o Corpo de Bombeiros! Esbravejou um senhor idoso.
-Quietos que é melhor, ela vai embora! Sussurrou um garotinho.
O burburinho estava formado até que surgiu o Astrogildo com pose de herói. Ele, que até então observava à distância o desenrolar dos fatos, se converteu no mais valente dos homens.
Como se fosse o próprio D. Quixote de La Mancha, defensor das viúvas e desamparadas, atravessou a rua ziguezagueando, aproximou-se do animalzinho e numa destreza de fazer inveja a qualquer pessoa sóbria, zás!!! Diante do olhar assombrado dos espectadores pegou o bichinho com as duas mãos, uma segurou a cabeça e a outra a cauda da infeliz. O aplauso foi geral, todos estavam admirados da coragem e da proeza do Astrogildo. Em pouco tempo estava rodeado por uma multidão de curiosos. As crianças se divertiam com tudo aquilo e a histeria era geral. Numa manifestação espontânea e eufórica gritavam: - Viva o Astrogildo!!! E os gritos eram acompanhados pelas palmas.
Passaram-se alguns minutos e foi-se o encanto do acontecido, as pessoas se dispersaram, as crianças voltaram a brincar, as mulheres entraram para suas casas e o coitado do Astrogildo ficou ali, sozinho, segurando o ofídio que se contorcia para se livrar daquelas mãos tenebrosas. Para complicar ainda mais, o efeito da “cangibrina” passou e o estado de lucidez o resgatou para a vida real. Foi aí que o Astrogildo se espavoriu, precisava soltar o animal mas não sabia como. Entrou em pânico e sem deixar transparecer buscava uma saída honrosa. Apavorado e com medo de soltar e ser picado pela serpente, começou a apertar à coitadinha...e apertava com tamanha força que o bichinho foi se esfacelando até desfalecer e deixá-lo com as mãos, os braços e a roupa toda ensangüentada. Nesse momento, um pouco mais aliviado, o grande herói entrou no boteco, encostou a barriga no balcão e, com a voz entoada, gritou: bota uma dose dupla da braba aííííííííí!!! Abriu a boca, jogou o líquido na goela numa tragada só e, à vista de todos, virou às costas e saiu porta afora. Pelo que se comenta por àquelas bandas, nunca mais se teve notícia do Astrogildo.

AME - Ambulatório médico de especialidades

O prefeito Céli Rejani afirmou que o AME começa a funcionar no dia 3 de agosto e a inauguração depende da agenda do governador José Serra. De acordo com o Prefeito, o AME será administrado pela Irmandade da Santa Casa, mas com o compromisso de ser independente e de atuação regional abrangendo os hospitais de Dracena, Junqueirópolis, Tupi Paulista, Panorama, Presidente Venceslau e Presidente Epitácio.
Sem sombra de dúvida é uma grande conquista para Dracena e região.